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Você já ouviu falar de katis, formas ou taolu de Kung Fu? Você sabe para quê eles servem?
Se você tem alguma dúvida sobre esses termos e como eles são usados no Kung Fu, leia nosso texto! Nele você vai aprender sobre a origem dos taolus e como a sua prática ajuda na formação de um artista marcial.
O que são taolu/formas/katis?
Taolu significa literalmente rotina, uma sequência de procedimentos. No caso do Kung Fu e Tai Chi Chuan, são as coreografias que guardam as técnicas de cada estilo. Esses movimentos de luta são organizados em determinadas sequências exercendo várias funções no treino tradicional.
O termo kati é muito utilizado no Brasil. Ele é um sinônimo taolu. A origem desse termo é incerta, pois não é usual nos textos chineses sobre artes marciais, porém ele é muito popularizado. A similaridade do termo com a palavra japonesa kata, também deixa em dúvida se há uma simples confusão de termos ou se é uma variação de um termo cantonês.
Já a expressão forma é uma tradução muito usada para taolu. O termo inglês form também é muito usual internacionalmente.
Para quê servem as formas de Kung Fu?
Essas coreografias têm diversas utilidades. Portanto, cada academia de Kung Fu vai escolher uma abordagem ou outra, sempre dependendo da formação de seu professor e seus objetivos. Contudo, mesmo que uma escola foque em não utilizar as formas no seu currículo, elas são de extrema importância para o Kung Fu tradicional.
Condicionamento físico
Treinar uma forma pode ser uma ótima atividade física. Pois elas exigem força, velocidade e precisão. Como os movimentos sempre tem um sentido marcial, ou seja, uma aplicação para o combate, eles não podem ser executados sem a ideia de se estar lutando.
Os benefícios desse exercício são:
- Desenvolver a coordenação motora;
- Aumentar a capacidade cardiorrespiratória;
- Trabalhar o equilíbrio;
- Aumentar a força muscular;
- Melhorar o alongamento.
Assim, os mestres do passado incentivaram a execução dos taolu também pelos seus ganhos físicos. Logo, praticar formas também pode ser uma boa maneira de se manter saudável, aproveitando todos os benefícios que uma atividade física pode trazer.
Guardar a técnica
Quando pensamos nas artes marciais chinesas tradicionais temos que ter em mente o contexto que deu origem a determinadas práticas. No caso das formas de Kung Fu, elas surgem para ajudar a memorizar técnicas.
Na China antiga era raro ter recursos para gravar informações. Não eram todos que tinham papiros (futuramente papel). E mesmo os que tinham acesso a esses recursos não os usavam com frequência já que havia um alto custo envolvido. Além disso, quase ninguém sabia ler e escrever. Por isso, mesmo que houvesse leituras de fácil acesso, não haveria muitas pessoas capazes de entender.
Assim, a maneira mais prática para guardar sequências complexas de ataques e defesas, chaves e torções, foram as rotinas. No taolu é possível registrar até mesmo os princípios técnicos de um estilo. Vários sistemas marciais só conseguiram sobreviver pois estavam, literalmente, gravadas nos corpos de seus praticantes.
Avaliar os alunos
Treinar formas não é exatamente treinar a luta. Isso acontece porque katis de Kung Fu são coreografias que registram as técnicas. Assim, um leigo não consegue entender o que os movimentos significam.
É por isso que após treinar bastante a forma, um estudante de Kung Fu aprende as aplicações dos movimentos. Isso significa que ele vai entender o movimento aplicado no combate. Depois de bastante prática, o aluno vai conseguir fazer esse processo de tradução por si mesmo.
Portanto, os taolu ensinam o estilo, mas de maneira indireta. Nas tradições marciais chinesas essa característica foi usada para avaliar o aluno antes de ele aprender a usar os movimentos em sua totalidade. Isso permitia que os mestres avaliassem o comprometimento do aluno em aprender e também era uma salva guarda para evitar que os golpes mortais caíssem em mãos erradas.
O Kung Fu era algo necessário para a sobrevivência, assim quase todo camponês tinha uma ideia de como lutar. Mas aqueles que sabiam sistemas de combates completos tinham grande vantagem. Quem realmente soubesse um estilo de Kung Fu poderia facilmente abusar de suas habilidades tiranizando vilarejos e assaltando viajantes.
Portanto, os mestres de Kung Fu tomavam muito cuidado com quem eles dividiam seus conhecimentos. O aluno geralmente passava anos treinando antes de compreender por completo as técnicas do estilo. Ele deveria provar sua lealdade e valor moral para ser versado nas manobras avançadas de um sistema.
Manter o segredo das técnicas marciais
As formas também tinham como objetivo manter o segredo das famílias marciais escondidos. Com o tempo a fama de um estilo praticado por certo grupo poderia atrair diversos olhares. Assim, era comum que pessoas buscassem os mestres desses estilos famosos para aprender as técnicas.
Na cultura chinesa, especialmente entre os artistas marciais, a lealdade ao mestre era muito importante. A piedade filial, conceito da filosofia de Confúcio, exigia que o aluno tratasse o seu mestre como um pai. Portanto, o aluno deveria servir ao mestre por longos anos. Em troca, o mestre passaria seus conhecimentos.
No entanto, alguns alunos iam com segundas intenções, só pensando em aprender os golpes e ir embora. Alguns ainda tinham intenções nefastas, querendo apenas usar do Kung Fu para tirar vantagem dos mais fracos.
Pensando nisso, as famílias marciais ensinavam as formas sem explicar imediatamente para quê elas serviam. Muitas vezes esse processo levava anos. E isso era proposital. O critério não era tanto a habilidade do aluno, mas sim o quão dedicado e leal ele era ao estilo.
Muitas vezes, esse cuidado era extremo, os mestres só ensinavam àqueles que eram de sua própria família. Tais práticas impediam que um estranho entrasse na escola de tal mestre sem antes provar sua boa procedência ou seu valor moral.
Cultura e arte
Os taolus também são uma forma de arte. Por mais que seus movimentos sejam feitos para guardar uma informação específica, sua execução por si só exige harmonia. Portanto o lado estético da forma cria a arte.
E esse aspecto não é novo. Desde a antiguidade chinesa, danças e apresentações com armas foram usadas como entretenimento e carregam um sentido ritualístico. Nos exércitos antigos eram organizadas as danças militares (wu wu), que eram momentos tanto para admirar a força das tropas, quanto para treinar os soldados a se mover com ritmo mantendo uma formação.
Esse legado se desenvolveu e surgiram artistas que treinavam somente com a apresentação em mente. Esse “Kung Fu Folclórico” era desprezado por aqueles que tinham o combate como modo de vida (generais e soldados, por exemplo). No entanto, esses artistas marciais sempre estavam presentes em festivais e nas cortes dos nobres.
E você? Costuma treinar formas nas suas aulas de Kung Fu? Ou ainda não começou a praticar artes marciais? Conte-nos mais nos comentários!
Beba direto da fonte!
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A Tradição do Budismo: História, Filosofia, Literatura, Ensinamentos e Práticas
Um livro contendo os frutos dos estudos de Peter Harvey, professor emérito de Estudos Budistas na Universidade de Sunderland (Inglaterra).
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Excelente texto!
Fico feliz que gostou!!!
gostei muiiito, e gostaria de saber de que pais vc é
Fico feliz que gostou, João! Sou do Brasil, Minas Gerais
Parabéns uma verdadeira aula histórica do Kung Fu, mostra que é um mestre que estuda e ama o que faz .
Com bastante conteúdo e não é chato de se ler, gratidão mestre aos ensinamentos.
Muito obrigado!