Taosimo – saiba como surgiu essa filosofia chinesa

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Mesmo que você não conheça muito sobre o pensamento chinês ou já tenha treinado o Tai Chi Chuan é bem provável que você já tenha visto este símbolo:

Ele se chama taiji (que significa “grande polo”), e representa o equilíbrio perfeito entre dois polos. Esses extremos seriam o yin/yang, uma força passiva e a outra ativa.

Nesse texto você vai descobrir o que é a filosofia taoista e como ela surgiu!

O terceiro caminho de Chuang-tse

Na história do pensamento chinês temos períodos de intensa criação de conceitos e linhas de raciocínio. Um desses períodos é o que se refere ao período das Primaveras e Outonos (771-476 a.C.) e a era dos Reinos Combatentes (475-221 a.C.).

Esses períodos foram muito conturbados por conflitos políticos e militares. A dinastia Zhou, que era símbolo de cultura e poder, estava aos poucos sucumbindo. Isso levou diversos pensadores a buscarem alguma referência de ordem no meio do caos cultural.

Confúcio e a aposta no ser humano

Confúcio era um defensor ferrenho da estrutura familiar. Ele acreditava que se uma pessoa tem a educação adequada e respeitasse a hierarquia sócio-familiar haveria harmonia. Assim, se um filho respeita os pais e esses, em contrapartida, cuidam dos filhos, haveria paz. 

Num contexto político, isso significaria que os súditos deveriam respeitar as decisões dos soberanos. Isso garantiria que os projetos do estado seriam levados a cabo. Com esses projetos em dia os líderes garantiriam a boa vida dos camponeses.

Para garantir que esse ciclo de reciprocidade ética seja executado a educação seria essencial. Confúcio aposta que o ser humano é capaz de aprender e se aperfeiçoar. Sendo assim, é possível que as pessoas aprendam a serem éticas e possam de fato se tornar um junzi, um ser humano elevado.

Mo-tse e o “amor universal”

Mozi (470-391 a.C), por outro lado, tinha uma visão igualitária. Para ele, todos eram iguais diante do Céu. Por isso, o amor uns com os outros deveria ser imparcial. Os moístas discordavam dos confucianos, pois esses acreditavam que o tratamento com membros da família deveria ser diferenciado.

Essa posição de “amor universal” (jian ai) era fundamental na ideia de governo da escola moísta. Este pensamento político, quase que utilitarista, de “consequencialismo estatal” propunha que as ações do estado e do povo deveria ser guiada pela busca do maior benefício geral. O bem comum seria a abundância de recursos materiais (especialmente alimentos) e o crescimento populacional.

Essa visão que visa o bem do povo acima de tudo gerou um desprezo pelas artes, especialmente a música. O argumento de Mozi é que o trabalho investido nos deleites artísticos seriam supérfluos se comparados com a fome e miséria do povo.  

A alternativa de Chuang-tse e Lao-tse, o Tao

Indo na contramão das outras escolas filosóficas, que buscam ordenar o mundo através da educação (confucionismo) ou do cuidado com todos (moismo), o taoismo sugere parar e escutar ao Tao.

Tao significa caminho ou método. Essa palavra serve para descrever os vários meios de se atingir algo, ou seja, existem vários taos. No entanto, para os taoistas, há o caminho por excelência: o Tao.

Essa Tao é o curso natural das coisas, é a própria vontade do Céu. Porém, o ser humano, é a única criatura que desafia esse caminho. Isso ocorre, pois a linguagem e a razão são um “ruído” que nos impede de escutar claramente o Tao. Por isso, é preciso estar disponível para agir de acordo com o Tao.

A sinergia do Tao

Pelo fato do ser humano desafiar o caminho natural das coisas ele gasta energia desnecessariamente. Essa preocupação em colocar no mundo uma ordem diferente da que já existe causa conflitos internos e externos. Sem uma aceitação do fluxo natural ficamos o tempo todo lutando contra uma vontade muito maior.

Assim, se temos que sempre lutar contra a vontade do Céu, estamos sempre gastando energia desnecessariamente. O Tao nos guia para a ação mais simples de ser seguida, pois ela vai de encontro com as forças naturais.

Esse é o conceito de Wu Wei, é a ação “sem esforço”. Um taoista agiria de forma tão coerente com o Tao, que ele não precisaria fazer esforço nenhum. Seria o mesmo que deixar a correnteza nos levar pelo rio.

A desconfiança na linguagem

Para os taoistas a razão pode ser uma faca de dois gumes, pois ela pode ser usada para justificar qualquer coisa. Dessa forma, o discurso racional passa a ser uma ferramenta duvidosa, que pode facilmente nos levar a acreditar em coisas que não são verdadeiras.

Além disso, há o perigo de criarmos uma visão parcial sobre as coisas. Como a razão divide as coisas em partes para serem analisadas, temos o risco de ver só um lado de uma questão. Não é a toa que os conflitos humanos são tão complexos. Cada um pode ter uma visão diferente sobre o mesmo objeto e ter bons motivos para acreditar nisso. Isso cria uma indisposição com a opinião do outro o que dificulta o diálogo.

Contudo, se escutamos o Tao, poderemos ver que na realidade todas as coisas estão conectadas. Poderemos enxergar através das ilusões criadas pela razão. Com isso é possível ver a realidade como o fluxo de o universo que respira como uma só criatura.

O debate sobre a origem do taoismo

Tradicionalmente, os historiadores colocam Lao-tse como o primeiro mestre taoista. Ele teria vivido na mesma época de Confúcio, por volta do séc. IV ou início do séc. III a.C. Depois dele viria Chuang-tse.

Porém, ao analisar os textos é possível se chegar a outras conclusões. A ordem pode até mesmo ser invertida, com o Chuang-tse no séc. IV e o Lao-tse no final do séc. IV ou início do séc. III. Essa conclusão pode ser tirada pela semelhança dos textos com seus contemporâneos:

  • Dois estágios do pensamento dos Reinos Combatentes:
    • Zhuangzi representando a primeira onda: os lógicos e Mêncio
    • Laozi representando a segunda onda: Xunzi e os legistas

A origem do termo “escola taoista”

Todavia, o termo “escola taoista” (daojia) só foi ser usado pela primeira vez no ínicio da Era Imperial, nos primórdios da dinastia Han (séc. II a.C.). Os historiadores Sima Tan (morto em 110 a.C.) e Sima Qian, esse retomou a obra de seu pai: as Mémorias Históricas (Shiji).

Os Sima se referem à escola taoista: Huang-Lao. Ela se dedicou às técnicas e estratégias de poder e à busca da imortalidade. Esse tema era o centro das atenções no princípio da era impérial. Isso pode explicar a cronologia proposta na era Han, já que o Laozi foca mais nesses temas, ele foi colocado como o primário e primeiro no pensamento taoista.

Portanto, o taoismo como nome genérico para essa linha de pensamento foi criado depois de seus principais autores. No séc. XXI d.C. usamos esse termo para falar de todos os pensamentos e desdobramentos da filosofia de Chuang-tse.

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