Kung Fu no cinema: a história dos filmes de artes marciais

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Se você gosta de artes marciais é quase certo que já viu algum filme estrelado por Bruce Lee. Esse ator e artista marcial conquistou o mundo com suas incríveis cenas de luta. Mas antes dele o cinema e o Kung Fu já faziam sucesso na Ásia.

Acompanhe a trajetória das artes marcais chinesas no cinema!

As origens dos filmes de artes marciais

O cinema de artes marciais é um gênero que se caracteriza pelo enfoque nas cenas de lutas corpo a corpo. Ao longo das décadas os filmes foram se modificando e abordando tipos de narrativas diferentes, fazendo desse gênero bem diverso.

Em Shanghai, no ano de 1920, começam a ser produzidos filmes contendo cenas de luta com enfoque no Kung Fu.  Eles eram inspirados nos romances de wuxia, contos onde nobres guerreiros lutavam pela justiça usando sua técnica marcial para ajudar os fracos e oprimidos.

Nesse gênero encontramos uma mistura entre fantasia, arte marcial e histórias de dinastias antigas. Por isso, os heróis eram retratados com habilidades extraordinárias e faziam referência a vários mitos e lendas.  

Esse tipo de filme ficou bem popular, Shanghai produziu mais de 250 obras entre1928 e 1931. Entretanto, as elites políticas e culturais não os aprovavam. Para eles, tais histórias eram um retrocesso, pois remetiam à fantasias e poderiam incentivar as superstições do povo.

O Kung Fu e o cinema de Hong Kong

Na década de 1940, a China passava por diversos problemas. A instabilidade provocada pela Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945) e a queda da República da China (1912-1949) fez com que várias pessoas migrassem para Hong Kong.

Compondo esses grupos estavam artistas e cineastas que queriam fugir dos problemas do continente e também encontrar um ambiente cultural mais receptivo à diversidade e modernização.

Nesse período surge um novo tipo de filmes, os gung fu pian. Eles se centravam em lutas desarmadas e retratavam um período histórico mais recente: as invasões estrangeiras, principalmente na era Qing (1644-1912).

Em 1958, a Shaw Brothers era fundada e com ela uma nova era no cinema sobre Kung Fu começava. O início da década de 1960 foi marcado pelos filmes com duelos de espadas, porém a Shaw Brothers começa a produzir filmes com enfoque nas lutas desarmadas em um contexto mais realista e moderno.

Esses filmes contavam histórias de vingança, onde o protagonista tinha que enfrentar bandidos em busca da justiça. As cenas de luta eram rápidas e muito bem coreografadas. Elas retratavam o herói confucionista por excelência, o junzi, que além de ter um senso de ética forte, era habilidoso nas artes marciais.

A Shaw Brothers liderou o mercado de filmes de Hong Kong. Entre 1970 até 1972, a produtora prosperava com um sucesso de bilheteria atrás do outro.

No meio dessa era de ouro do Kung Fu no cinema, temos um desencontro de interesses entres os líderes da Shaw Brothers. Assim, Raymond Chow, Leonard Ho e Leung Fung fundam a Golden Harvest.

As duas empresas se tornam rivais. Porém, com as políticas mais liberais da Golden Harvest, somadas ao sucesso de Bruce Lee, sua maior estrela, a Shaw Brothers fica para trás, deixando a Golden Harvest como líder do mercado até a década de 1990.

O Kung Fu no cinema ocidental

As artes marciais japonesas foram as primeiras a aparecerem no cinema, assim como elas foram as primeiras a serem exportadas para o mundo ocidental. Isso já na década de 1920. Aos poucos a mídia ia dando lugar ao Kung Fu, principalmente na década de 1970 com o sucesso da série de TV Kung Fu.

David Carradine e a filosofia do Kung Fu

Kung Fu (1972-1975) é uma série estrelada por John Arthur “David” Carradine (1936-2009). Ela mistura filmes de artes marciais com westerns (filmes que se passam no faroeste). A história conta sobre o monge shaolin, Kwai Chang Caine, que viaja pelo oeste estadunidense em busca de seu meio-irmão Danny Caine.

A série não tinha somente cenas de luta bem coreografadas. Elas tinham um teor filosófico que sempre remetia à sabedoria dos monges Shaolins. Isso ajudou a introduzir no ocidente a ideia de que o Kung Fu não era somente socos e chutes. As filosofias confucionista, budista e taoista foram uma grande fonte de inspiração para os roteiristas.

A série teve polêmicas que diziam respeito ao papel principal da série que, pelos rumores, deveria ser estrelada por Bruce Lee, porém os diretores preferiam alguém que tivesse um ar mais pacífico para interpretar um monge. Carradine morreu em condições misteriosas, virando uma lenda no Kung Fu, no mesmo patamar de Bruce Lee.

Bruce Lee, a lenda do cinema de artes marciais

Bruce Lee (1940-1973) nasceu nos EUA, na chinatown de São Francisco e se mudou para Hong Kong com poucos meses de idade. Ele ficou lá até seus 18 anos. Teve a oportunidade de treinar wing chun com Yip Man (1893-1972), porém ele não completou seu treinamento. De volta aos EUA, Bruce estudou interpretação na Universidade de Washington complementando seu curso com filosofia e psicologia.

Até meados da década de 1960 ele tirava sua renda do ensino de artes marciais. Ele teria sido um dos poucos a ensinar estrangeiros e por isso era mal visto pela comunidade de chineses. Porém o duelo contra Wong Jack Man teria mudado esse cenário (apesar das controvérsias sobre o resultado dessa luta).

Lee nunca abandou o ensino de artes marciais, mas ele se dedicou logo à sua carreira de ator. Ele se considerava ator profissionalmente e artista marcial por vocação.  

Em 1964 ele teve sua primeira oportunidade de atuar quando se apresentou em um torneio organizado por Ed Parker (carateca que ensinou vários astros do cinema, até Elvis Presley). No torneio, Lee teve contato com Willian Dozier, que o escalou para a série O Besouro Verde (1966-1967). Nessa série, ele rouba as atenções e vira um astro.

Depois de trabalhar na TV e cinema norte-americano, Bruce volta para Hong Kong em busca de novas oportunidades. Ele acaba conseguindo apoio do governo e fecha um acordo com a Golden Haverst. Nessa empresa ele produziu seus maiores sucessos.

Sua obra prima foi a Operação Dragão (1973), porém ele não pode colher os frutos do seu trabalho. Bruce Lee morreu prematura e misteriosamente no dia 20 de junho de 1973. Ele sempre será lembrado como o artista marcial que levou o Kung Fu ao mundo inteiro.

A decadência do Kung Fu no cinema

Vários diretores tentaram aumentar o nível do gênero marcial no cinema, porém o que prevaleceu foram as imitações baratas da caricatura de Bruce Lee. Várias empresas sérias do meio cinematográfico começaram a dar atenção ao cinema marcial, porém a distribuição de filmes em locais de segunda categoria, má produção e acabamento, temas repetidos e saturação de obras terminaram com o furor do Kung Fu no cinema.

As obras mal produzidas ofuscaram grandes obras do gênero, pois os cinéfilos mais cultos os viam com desdém. Foi o caso com o filme Um toque de Zen (1973), produção taiwanesa que foi premiada no festival de Cannes. Mais uma vez o cinema de artes marciais era menosprezado pelo público mais culto e consequentemente, deixado de lado pelas massas.

Mesmo com esse cenário ruim, o cinema de artes marciais continuou realizando produções e mudou o foco de Hong Kong para Hollywood. As artes marciais apareciam no cinema como uma estratégia mágica que pode transformar qualquer indivíduo e salvá-lo. Essa característica de arte salvadora é vista em filmes que retratam negros, adolescentes e mulheres se sobressaindo graças à arte marcial.

A comédia no cinema de artes marciais

No final da década de 1970 o gênero de “comédias marciais” ganha notoriedade no meio artístico. Esses filmes contam histórias de um “palhaço ingênuo” que é mestre em artes marciais. Por meio de movimentos atrapalhados, porém extremamente mortais, eles conseguem salvar pessoas comuns de malfeitores. Atores como Jackie Chan e Samo Hung ficam famosos nessa época.

Jackie Chan (nascido em 1954, Hong Kong) tentou na década de 1980 elevar o padrão dos filmes de Kung Fu aos níveis de Hollywood. Contudo, foi só na década de 1990 que Chan conseguiu se tornar um astro mundial ao conquistar a audiência norte-americana. Sua carreira é marcada pelo fato dele fazer questão de atuar em todas as cenas, sem a ajuda de um dublê.

O cinema marcial no início do séc. XXI

No séc. XXI, Jet Li (1963), provavelmente é um dos atores chineses mais conhecidos. Ele foi campeão de wushu, mas abandonou cedo as competições para entrar no cinema. Atuou em filmes como O Tigre e o Dragão (2000), do diretor Ang Lee, que revitalizou o cinema de artes marciais.

Em seguida temos obras do diretor Zhang Yimou, como Héroi e O Clã das Adagas Voadoras (2002 e 2004). Estes filmes se diferenciam pela qualidade de produção e roteiro. Também se retira dos ideais basilares da cultura chinesa seu caráter imutável e faz críticas políticas mais profundas.

Mais recentemente, Donnie Yen estrela em filmes de diversos estilos, o que lhe rende grande popularidade. Yen participa de filmes ligados a histórias tradicionais do cinema de artes marciais, como a criação do estilo de Kung Fu, Wing Chun, retratado na da série de filmes Ip Man (2008-2019). Como também atua em filmes não ligados ao universo de artes marciais, um exemplo é quando ele aparece no filme da Disney Rouge One: A Star Wars Story (2016).

O cinema de artes marciais continua evoluindo e se transformando. Apesar das histórias da China antiga serem o tema mais abordado nesse gênero, podemos notar que o Kung Fu, sua filosofia e seus belos movimentos estão sendo acolhidos na cultura pop e adentrando no imaginário de milhões de pessoas pelo mundo.

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