Graduações do Kung Fu: entenda tudo sobre o uso das faixas nas artes marciais

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Você já deve ter ouvido falar que a faixa preta é o último estágio do treinamento de um artista marcial. Mas você sabe o que isso realmente significa?

No Kung Fu, como em outras artes marciais, o uso de faixas é comum. Elas têm várias utilidades, que vão da didática até a organização da hierarquia. Nesse texto você vai descobrir de onde vieram e para quê servem as faixas!

Qual a utilidade das faixas nas artes marciais?

Antes de conhecer as origens do uso de faixas nas artes marciais, é preciso entender para o quê elas servem. Em uma resposta rápida, as faixas são uma condecoração pelo mérito e experiência.

Cada graduação representa um nível de habilidade. Ela é um atestado visual de todo o trabalho que aquele praticante teve para chegar ali. Portanto, as faixas servem para dividir os novatos dos mestres.

A autoridade dos mais graduados

É importante ressaltar que as artes marciais, principalmente o Kung Fu, foram criadas para o uso militar. Assim, as faixas carregam na atualidade o peso da autoridade. Uma alta graduação em determinada arte é similar a uma alta patente no exército. Isso significa que em alguns contextos a graduação vai definir quem toma certas decisões.

No entanto, essa concepção hierárquica não é tão forte quanto antigamente. Nas famílias marciais mais tradicionais uma pessoa faixa preta representa uma figura de autoridade, não só no campo da arte, mas também em qualquer campo da vida.

Porém, nos grupos de praticantes mais contemporâneos, o que vemos é uma flexibilização da postura hierárquica. Assim, um praticante faixa preta seria somente uma pessoa habilidosa em uma arte e não uma referência para os outros de como levar a vida.

Ainda há o fato de que na cultura chinesa, portanto, no Kung Fu, a referência sempre foram os laços familiares. Assim, a autoridade maior reside no membro mais velho da família. No contexto marcial isso significa quem tem mais tempo de treino.

Independentemente da visão que se tem sobre a autoridade de um praticante graduado em uma arte marcial, se mais tradicional ou contemporânea, em um contexto de aula, o mais graduado é sempre a referência. Por isso, as faixas tem a função de deixar clara a cadeia de comando.

Um exemplo, muito comum e contemporâneo, é quando o instrutor tem que resolver uma questão urgente e precisa deixar a turma por alguns minutos. Nesse caso, as graduações deixam claro quem irá assumir o comando da aula na ausência do professor.

A divisão de conteúdos: a grade curricular

As faixas também são utilizadas para dividir os conteúdos da grade curricular da escola em questão. Na medida em que os métodos de ensino marcial foram se sofisticando, principalmente no séc. XVI, na China, com os generais Yu Dayou (1503-1579) e Qi Jiguang (1528-1588), conteúdos específicos foram desenvolvidos para determinados níveis de aprendizado.

Isso quer dizer que foram criadas rotinas de treino para pessoas sem experiência que iam se intensificando e se complexificando gradualmente. Essas rotinas foram evoluindo na medida em que seu uso ficava mais frequente. Com o tempo, currículos foram criados e foram sistematizados em sistemas marciais.

Consequentemente encontramos no séc. XXI, na maioria das artes marciais e estilos de Kung Fu, uma divisão bem delimitada pelas faixas.

Com esse tipo de divisão fica muito mais fácil para o aluno e professor identificarem seu estágio no treinamento. Enquanto o aluno sabe exatamente o que ele tem que aprender, o professor, só de olhar a faixa, pode saber que tipos de habilidade o aluno já adquiriu.

Portanto, as faixas e graduações ajudam a organizar o método de ensino das artes marciais.

Criar um incentivo psicológico

Com o desenvolvimento das técnicas de ensino e dos estudos da psique humana foram criados diversos tipos de metodologias. Uma delas foi a introdução de pequenas recompensas para os alunos. No caso das artes marciais as faixas cumprem essa função.

As faixas são tudo isso que já falamos: uma patente e um atestado de habilidade. No final das contas elas são um título que dá certos deveres e obrigações ao praticante. Ao conquistar esse título a pessoa tende a incorporá-lo à sua autoimagem. Ela assume para si a cobrança de um determinado padrão de comportamento que seja condizente com sua graduação.

Mas há também uma função mais importante: gerar motivação. A faixa se torna um objeto de desejo para o aluno. Isso o faz lutar com mais afinco para conquistá-la. Quando o aluno percebe que a faixa nova lhe será ofertada como uma recompensa pelo seu desempenho, ele treinará com o dobro de afinco.

Esse método de motivação funciona especialmente bem com crianças. Ao receber sua nova graduação a criança associa seu esforço durante meses de treino à sua nova faixa. Pedagogicamente falando, esse incentivo é fundamental para que certas pessoas se foquem adequadamente na sua prática marcial.

A origem das graduações nas artes marciais

O uso de faixas ou graduações nas artes marciais é algo relativamente novo. Essa prática surgiu no final do séc. XIX e ficou popular nas primeiras décadas do séc. XX. O responsável pela criação desse modelo de dividir os alunos e instrutores foi o criador do Judô, Jigoro Kano.

Inicialmente ele dava um título de Shodan a seus alunos mais experientes. Esse seria o equivalente à faixa preta. Ele também premiava com certificados os discípulos que dominavam certas habilidades. Logo em 1907, Kano passou a usar faixas coloridas que representavam o nível de habilidade do praticante. Basicamente, esse é o mesmo método utilizado atualmente.

Foi no início do séc. XX que as artes marciais japonesas começaram a serem importadas para o ocidente. Como o Japão chamou a atenção das potências ocidentais pela sua rápida modernização, o Judô e o Karatê foram recebidos pelo ocidente com bons olhos. Na segunda metade desse século, a estruturação dos currículos de artes marciais de todos os tipos já era comum em todo o mundo.

As faixas no Kung Fu

Ao mesmo tempo em que Jigoro Kano inovava no Judô, os mestres chineses de Kung Fu também buscavam melhorias. No início do século XX, junto com o governo Republicano (1912-1949), houve um movimento muito forte de sistematização do ensino de artes marciais chinesas.

Instituições como a Associação Jing Wu e a Academia Central de Artes Nacionais tinham como objetivo a melhoria do ensino e desenvolvimento físico do povo chinês. Os esforços se concentravam na criação de currículos, abertura de escolas e formação de instrutores.

Grande parte das escolas de Kung Fu do séc. XXI ainda usam as estruturas curriculares dessas associações. Porém, com a popularização do sistema de faixas do Judô, toda essa estrutura passou a ser divida pelo sistema de faixas.

A diversidade de sistemas de graduação

Podemos ver que as faixas são uma novidade na história milenar das artes marciais. Na antiguidade não havia necessidade de tanta padronização, pois o convívio entre mestre e discípulo era constante e duradouro. Mas na medida em que o ensino da arte marcial perde seu caráter tradicional e começa a ser modernizado, surge a necessidade de organização curricular e motivação para os alunos.

No entanto, isso não significa que o método tradicional deixou de ser usado. A verdade é que cada escola, cada família marcial terá uma maneira de lidar com seus conteúdos e a divisão hierárquica de seus alunos.

Sendo assim, não há padrão. Não há uma ordem certa de faixas ou uma ordem correta de aprendizado. Cada mestre e professor terá uma visão baseada em suas experiências e conhecimentos. Portanto ele adotará o método que ele acredita ser o mais adequado para os alunos.

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