O Kung Fu é um nome que engloba todas as artes marciais chinesas. Elas foram criadas para lidar com conflitos, sejam eles embates físicos, como derrotar animais selvagens, ou mentais, desenvolvendo nossa determinação e força de vontade.

O fato é que a arte marcial evoluiu junto com a humanidade. Na medida em que as tribos se unificaram em grandes aglomerados de civilizações, o combate direto entre os cidadãos se tona cada vez mais raro.

Nesse texto você encontra uma breve reflexão sobre o papel da luta nas artes marciais chinesas e sua relevância no séc. XXI.

O papel da luta no Kung Fu

Sabemos que o Kung Fu surgiu há mais de 4 mil anos. Naquele tempo a natureza era um dos maiores adversários dos seres humanos, por exemplo, um dos perigos constantes era o ataque de animais selvagens. É possível dizer que as artes marciais surgem da necessidade de lutar para viver.

Nesse contexto temos o desenvolvimento constante de técnicas de combates, criação de equipamentos (armas e armaduras) e métodos para tratar ferimentos. Esses conhecimentos vão se relacionando e evoluindo até que são sintetizados na arte marcial.

Porém, com o desenvolvimento da civilização, a complexidade do combate só se intensifica. A luta corpo a corpo se torna uma pequena parte do embate. Pois, com a formação de exércitos a organização e treinamento do grupo se torna mais importante que a habilidade individual.

A luta esportiva era uma forma de preparar os soldados para o campo de batalha e também servia para recreação. Porém, vencer um adversário um a um não era o objetivo final das artes marciais. O que o Kung Fu visava era um tipo de vitória mais abrangente.

Portanto essa arte se torna cada vez mais eclética. Por exemplo, nos manuais militares do séc. XV d.C. é possível encontrar instruções sobre:

• Treinamento e posicionamento de tropas;
• Produção e manutenção dos utensílios de guerra;
• Logística;
• Psicologia;
• Medicina; etc.

Todos esses temas eram essenciais para que um general fosse bem sucedido em suas campanhas. Saber lutar individualmente era importante, mas as batalhas eram ganhas ou perdidas por razões muito mais complexas. Muitas vezes, tropas bem descansadas e alimentadas eram mais importantes do que habilidades com armas.

Assim, a luta ocupa um lugar especial na arte marcial, porém ela não engloba todos os seus aspectos.

O papel da cultura no Kung Fu

Se a necessidade de lutar e vencer o adversário da forma mais eficiente possível é o que originou a arte marcial, a necessidade de treinar um bom lutador ou boas tropas é o segundo passo a ser tomado. Por isso, outro aspecto fundamental do Kung Fu é seu papel pedagógico e didático.

Na figura simbólica do mestre de artes marciais encontramos um personagem sereno que tem habilidades incríveis e ótimos conselhos. Existe a expectativa que um bom mestre consiga entender o seu aprendiz e o ensine da maneira adequada. E isso acontece normalmente por meio de desafios e provas.

Esse imaginário é baseado na cultura chinesa e seu ideal de educação, principalmente os ideais de Confúcio. A partir da crença na capacidade do ser humano de aprender e melhorar se criam métodos para gerar essa transformação. No caso das artes marciais esses métodos visam o fortalecimento do corpo, desenvolvimento da mente, manutenção da saúde e aprendizado de técnicas de luta.

Muitos dos métodos usados no Kung Fu têm um aspecto ritual ligado a eles. Por isso nas aulas encontramos pequenos gestos que são repetidos sempre no início e final da aula. Os exercícios são ordenados para atender tanto um propósito didático quanto estético.

Seguindo a mesma lógica há o aspecto moral, afinal, a arte marcial pretende criar virtudes nos seus praticantes. A bravura é fundamental para lutar bem, por isso técnicas para desenvolver coragem nas tropas foram inventadas. O uso de música, como o toque de tambores, o uso do sentimento de comunidade e até mesmo o apelo à religião eram táticas comuns nos acampamentos militares. Elas eram maneiras de inspirar as tropas.

A disciplina também era fundamental. Para que os soldados obedecessem às ordens era preciso que eles realmente respeitassem seus líderes. Isso poderia ser atingido tanto pelo medo, quanto pela admiração.

É possível ver resquícios dessas técnicas em todos os modelos educacionais. Nas escolas, por exemplo, há punições e advertências para mau comportamento.  Já nas artes marciais, essas punições se dão por mais exercícios, como flexões. Por mais que não haja punições violentas, há ainda a ideia de que o medo de ser repreendido é disciplinador.

E da mesma forma a disciplina é proporcionada por um senso de dever e responsabilidade gerada nos alunos. Nas artes marciais se usam as faixas e graduações para gratificar o esforço e delegar responsabilidades. Nas famílias encontramos o mesmo padrão de incentivo quando deixamos uma criança mais velha responsável por outra mais nova.

A cultura é fundamental na arte marcial e tem um peso tão grande quanto a habilidade de vencer o adversário.

Os pilares das artes marciais Chinesas

Podemos dizer que há três pilares nas artes marciais chinesas: a saúde, beleza e marcialidade. Eles são aspectos fundamentais do Kung Fu e são bases comuns para todos os estilos e sistemas marciais.

Ao abordar a saúde, não estamos preocupados somente com o corpo ou mente quando estão doentes, mas estamos focados na prevenção e cura de doenças através de um trabalho completo no corpo e na mente. No pensamento chinês saúde é ter equilíbrio.

Beleza aqui não quer dizer beleza física, mas sim a harmonia entre corpo, mente e técnicas. Executar os movimentos complexos com precisão, força, velocidade e ritmo é algo difícil, porém muito bom de ser ver. Viver de forma equilibrada é igualmente belo e desafiador.

Já a marcialidade é o nosso conteúdo, que norteia todo o fazer lógico dos movimentos. No final das contas aprendemos várias técnicas para a luta, porém o fim delas não é a destruição do outro, mas a preservação e evolução de nós mesmos.

A arte marcial da Bravo Kung Fu

Na Bravo Kung Fu, vemos o a arte marcial como algo que deve se adaptar ao contexto no qual estamos inseridos. Aprender a lutar pura e simplesmente é insuficiente para nos garantir uma boa vida. A luta em si não é nosso único objetivo, pois no Kung Fu podemos colher vários benefícios.

Até porque lutar é algo raro e indesejável no nosso dia a dia, principalmente para crianças e idosos. O embate direto é sempre acompanhado de lesões. Assim, não há como lutar para derrotar o adversário e garantir a integridade física dele ou sua.

Mas há formas de treinar a marcialidade sem o recurso do combate total. 

O método da Bravo Kung Fu

Adotamos um método de treino que possibilita o aprendizado da arte marcial, mas que evita lesões. A dinâmica do treino da nossa escola induz seus praticantes a terem serenidade e companheirismo. O treino é voltado para o bem estar, mesmo durante a execução das técnicas de luta, os praticantes são treinados para se preocupar com a integridade física dos colegas. 

Treinamos o Kung Fu com pessoas de qualquer idade e gênero. Não há segregação entre alunos novatos e avançados. Cada um pode treinar e evoluir no seu ritmo, mesmo que cada um tenha sua particularidade. Isso é possibilitado pela estrutura das matérias e das aulas. Contamos com didáticas preparadas para lidar com a variedade de biotipos e históricos dos alunos. Assim, se o aluno tem alguma especificidade, podemos adaptar os movimentos para permitir que a pessoa possa treinar.

Os reais benefícios do Kung Fu e Tai Chi Chuan

Dito tudo isso, podemos concluir que as artes marciais chinesas são muito complexas. Elas não são somente um método de combate, mas carregam consigo uma bagagem cultural enorme. É isso que pode tornar as artes marciais chinesas práticas muito mais benéficas do que simplesmente uma luta ou exercício físico.

Treinar o Kung Fu é se desafiar a ser uma pessoa melhor. É se colocar em uma posição de aprendiz e ouvir a sabedoria dos antigos. Ao usar o corpo para evoluir sua mente e cultivar virtudes encontramos um caminho simples, porém desafiador, para viver com mais saúde e bem estar!

Agende uma aula conosco de descubra por si mesmo!