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No nosso último texto vimos a primeira parte da biografia de Jonas Bravo. Agora você vai saber como foi a descoberta do Kung Fu o início de sua carreira como professor de artes marciais!
O primeiro contato com o Kung Fu
No mesmo ano em que comecei a dar aulas de filosofia eu procurei voltar a fazer um exercício físico. Depois de anos de sedentarismo eu já sentia os efeitos nocivos na minha saúde. Alterações de humor, falta de ânimo, dores no corpo e tantos outros sinais de alerta me levaram a buscar uma atividade.
Entrei em uma academia de musculação e fiz diversas atividades complementares, da natação ao spinning. Mesmo assim, eu não me sentia realizado. Havia algo que o simples levantar de pesos não conseguiu sanar.
Foi nesse momento que me lembrei do Taekwondo e de todos meus anos dedicados à arte. A partir desse momento comecei a procurar escolas de artes marciais. O Kung Fu me chamou mais a atenção na época, pois naquele ano eu havia reprisado a série Avatar: A lenda de Aang.
Quem já viu essa animação sabe da qualidade da arte e da profundidade de sua história. O que parece ser um desenho para crianças, com uma história infantil, se transforma em uma jornada épica de autoconhecimento e superação. Cada personagem tem motivações genuínas e nos levam a refletir sobre nós mesmos. Além disso, há também uma grande ênfase em temas da filosofia chinesa.
Esse detalhe, somado às incríveis coreografias baseadas em estilos de Kung Fu, me fizeram ficar apaixonado pela arte, tanto a da animação quanto a do Kung Fu que a inspirou.
Buscando uma boa escola de Kung Fu
Foi a partir desse ponto que comecei a fazer aulas em diversas academias de Kung Fu. Infelizmente, não tive muita sorte, pois era muito difícil ser bem recebido. Muitas vezes os professores não davam aulas experimentais ou não estavam presentes na aula, assim eu era atendido por alunos que estavam, algumas vezes mais outras vezes menos, preparados para receber um novo estudante.
Eu buscava real profissionalismo para poder me dedicar à arte, diminuindo o risco de ver meu professor parar de dar aulas. Já tendo evoluído em uma arte marcial eu entendia muito bem a importância de uma boa escola, pois esse não é um caminho curto e nem fácil. Por isso, eu precisaria estar certo de estar em boas mãos.
Foi então que encontrei uma academia de Kung Fu no centro de BH em uma busca na internet. O atendimento me chamou muito a atenção, pois era muito bom. A simpatia dos professores e atendentes foi crucial para me deixar tranquilo e seguro no ambiente da escola. Além disso, a disciplina era tão estrita que me mostrou imediatamente a seriedade daquele lugar.
Ao fazer minha primeira aula estava certo de que aquela era uma boa academia para treinar. O ambiente era ótimo, voltado para o Kung Fu. As pessoas muito receptivas e os professores atenciosos. O Kung Fu de extrema qualidade também me deixou ainda mais fascinado pela arte.
A jornada como instrutor de Kung Fu
Como fui um dos primeiros alunos da unidade em que eu treinava, foi questão de tempo até que eu ficasse entre os mais graduados. Participei de todos os eventos que eu podia. Cursos, aulas especiais e campeonatos passaram a fazer parte da minha rotina. Não demorou muito para eu me integrar totalmente com a cultura da minha antiga escola.
Naquela época a junção da disciplina marcial com o profissionalismo da escola me levou a questionar ainda mais minhas práticas profissionais. Eu ficava cada vez mais apaixonado pela transformação física e mental que o Kung Fu me trouxe. Percebendo esses efeitos benéficos em mim, eu comecei a considerar a carreira de professor de Kung Fu. Isso era algo que nunca havia me passado pela cabeça, mas que foi se tornando cada vez mais palpável ao longo das minhas aulas.
Eu via o quanto era gratificante dar aulas para pessoas que estavam ali para aprender por vontade própria. O que era totalmente diferente de dar aula em escolas. Por mais que muitos jovens estivessem interessados em aprender, a rotina escolar mitiga em muito esse interesse. Bater cabeça com crianças, adolescentes e jovens não é nada fácil.
Além disso, a política da minha antiga academia de fazer um trabalho profissional e cobrar um preço justo por isso atraiu meu olhar para o empreendedorismo. Ao ver o trabalho de meus professores e ao participar dos cursos de instrutor e me abri para a possibilidade de ser empresário e ter meu próprio negócio.
Depois de fazer o curso de instrutor eu treinei com mais afinco ainda. Consegui ser o primeiro faixa marrom da unidade e tive a oportunidade de ser o primeiro instrutor completamente formado em uma academia fora do estado de origem daquela escola.
A Unidade Padre Eustáquio
Passei por um breve período de experiência na unidade central de BH e depois fui ajudar no processo de abertura da unidade Padre Eustáquio. Nesse momento fiz de tudo, ajudei na limpeza e reforma do imóvel, cuidei da compra de diversos itens da empresa e comecei a ministrar aulas lá. Nessa época eu já havia parado de dar aulas de filosofia e me dedicava 100% ao ensino de Kung Fu.
Tive a honra de ministrar a primeira aula da Padre Eustáquio. Aos poucos fui galgando na hierarquia da escola e me tornei um sócio. A partir daí minhas obrigações aumentaram e eu pude participar mais ativamente das tomadas de decisão da empresa.
Os desafios de empreender
Infelizmente a vida de ter um pequeno negócio pode ser bem frustrante. Há muitos fatores que entram na conta para fazer seu empreendimento ter lucro. A localização do imóvel, o investimento em marketing e as medidas de contenção de gastos, por exemplo, são fatores que podemos controlar.
Mas há fatores que estão totalmente fora do controle do pequeno empresário. Já temos a alta carga tributária e as burocracias que dificultam a vida do empreendedor. Pior ainda, foi a crise econômica que se agravou nos últimos anos da década de 2010. A unidade Padre Eustáquio foi inaugurada em 2015, então você já tem uma ideia do sufoco.
Dentre trancos e barrancos conseguimos manter as contas da academia no “azul”. No entanto, o lucro não era o suficiente para pagar as nossas contas pessoais. Nessa época manter a unidade viva era minha prioridade total. Eu trabalhava uma média de 63 horas semanais. Esse era o tempo das aulas, mais o tempo para limpar e cuidar da academia. Se somar o tempo de treino e estudo posso colocar mais 10 horas nessa conta.
Nesse período minha vida pessoal foi totalmente deixada de lado. Eu não podia perder meu empreendimento para a crise, por isso eu trabalhei sem cessar. Contudo, nesse contexto desfavorável, eu passei a depender cada vez mais do apoio da minha família e do meu cônjuge. Pois ganhando na maior parte dos meses um valor menor que um salário mínimo da época eu não conseguiria me sustentar sozinho.
A decepção com um mestre
Ao longo da minha jornada no Kung Fu tive vários professores, mas um deles foi meu maior companheiro. Ele era meu líder direto e me orientou em todos os assuntos relacionados ao Kung Fu e à academia. Como trabalhávamos juntos, eu ficava mais tempo com ele do que com minha própria família.
Nossa relação sempre foi muito boa e divertida. Ele era um professor exemplar, com uma energia incrível. De origem humilde, com uma história de superação bonita e sendo ainda muito jovem, ele se tornou uma fonte de inspiração para mim.
Porém, em 2017, senti a relação degradar. Na época eu não entendia o que minha intuição queria dizer, mas fui notando aos poucos comportamentos estranhos, suspeitos. Até que um dia, por volta de outubro do mesmo ano, descobri que meu antigo mentor estava se apropriando de bens da academia.
Esse foi um baque para mim. Fiquei completamente traumatizado. Anos juntos, montando um negócio do zero e comemorando cada pequena vitória, foram por água abaixo em um único telefonema da imobiliária. A última imagem que tive do meu antigo professor na academia, que ele ajudou a montar, foi ele fugindo (literalmente) ao ser questionado sobre as contas da unidade.
A decisão de se tornar um líder
Após descobrir essa trapaça tive que pedir ajuda ao meu primeiro professor de Kung Fu. Verificamos as contas e fizemos os procedimentos cabíveis. Mesmo ele também sendo sócio, não tive dele o apoio financeiro para cobrir o rombo e precisei pedir ajuda aos meus pais, que sempre me apoiaram nessa empreitada. Além disso, outros colegas de treino e de trabalho tiveram que ajudar na recuperação financeira da unidade, mesmo não sendo sócios dela.
Tivemos que tomar a decisão de fechar a unidade ou continuar. Ironicamente, aquele ano foi um dos melhores que já tivemos. Conseguimos chegar ao nosso recorde de 80 alunos matriculados na unidade ao mesmo tempo. Aceitei a incumbência de liderar a unidade e reerguê-la, pois não queria ver meus alunos terem o mesmo destino que eu tive quando meu professor de Taekwondo parou de dar aulas. Além do mais, com o apoio dos mestres e instrutores da escola, eu não estava sozinho na missão de manter a unidade viva. Ou pelo menos, foi assim que eu via na época.
Na próxima parte dessa série biográfica vamos acompanhar a conquista da Faixa Preta e como o primeiro capítulo da jornada de Jonas Bravo no Kung Fu se encerra. Siga-nos no Facebook e não perca as novidades!
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A vida é feita de altos e baixos, mas com certeza esse foi um período de grande aprendizado.
Com certeza! Em todo baque da vida nós aprendemos alguma coisa 🙂