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Na filosofia confucionista o ser humano e suas relações políticas são o foco das discussões. Por esse motivo, o aprendizado é um dos três pilares desse sistema filosófico – os demais são o “senso de humanidade” e o “espirito ritual”.
Confúcio tinha uma visão otimista do ser humano, acreditando que uma pessoa pode aprender indefinidamente. O ser humano seria, por natureza, perfectível. Sendo assim, a educação das pessoas é uma das mais importantes tarefas de qualquer sociedade.
Aprender é algo compartilhado com os outros
O ser humano está aprendendo desde seu nascimento. Primeiro ele aprende a lidar com seu corpo, experimentando todos os sentidos. Lentamente o bebê vai engatinhando e, de repente, ele já está andando.
Depois de resolvido o desafio imediato (e na natureza, urgente!) de locomoção, o bebê começa a usar palavras para se comunicar. Esse é o marco da entrada dele no mundo humano, ou seja, na cultura.
A partir desse ponto o aprendizado se torna mais metódico. Pais ensinam aos filhos como viver o dia a dia e lhes transferem algumas de suas habilidades. Além disso, se a criança tiver sorte, nascendo em uma estrutura social adequada, ela receberá uma educação mais formal.
Nessas instituições de ensino o jovem aprende conhecimentos que a sociedade na qual ele vive considerou importante (uma escola, por exemplo), a criar conhecimentos e novos métodos de ensino (uma universidade) e habilidades específicas (uma academia de dança, etc.).
Nelas há a presença de mestres (hoje os chamamos de professores) que já passaram pelo método de aprendizado e passam seus conhecimentos para as gerações futuras. Esses mestres dividem sua experiência e aceleram o processo de busca pela maestria.
Aprender é uma experiência de vida
Confúcio entendeu que a experiência do aprendizado é a mistura da teoria e da prática. Os pais vivem diversas experiências que, mais tarde, contarão aos seus filhos. Para os jovens isso já virou uma teoria que pode, ou não, ser aplicada na realidade.
Entretanto, a cultura vai se desenvolvendo e ficando mais complexa. A vida na sociedade cobra cada vez mais conhecimento e habilidades de seus membros. Assim, os mestres nas várias artes começam a tomar jovens como aprendizes.
Como a teoria vai sendo refinada a cada geração, as artes se desenvolvem cada vez mais rápido. A partir dos erros de nossos ancestrais criamos teorias que são utilizadas na nossa prática. Já dos nossos erros, criamos teorias para guiar nossos descendentes. Por isso o aprendizado é uma experiência. Ele depende da tentativa e erro e da transmissão dos resultados.
Objetivo prático da educação
O objetivo do aprender na filosofia de Confúcio é o aperfeiçoamento da pessoa para viver em sociedade. Já que o processo de desenvolvimento humano passa pela transmissão de saberes dos mais experientes para os mais novatos, a educação não pode ser negligenciada. Sem ela, nenhuma sociedade pode se tornar mais do que ela é.
Num plano político, a educação deve servir à comunidade. Isso significa garantir que todos os cidadãos tenham condições de aprender como viver bem nela. Isso implica em conhecer as linguagens, histórias e saberes existentes na respectiva cultura.
Já no plano moral, a educação deve tornar as pessoas melhores. Da mesma maneira que aprendemos uma arte, podemos aprender a agir de forma mais inteligente com as outras pessoas. Tanto individualmente quanto em comunidade, devemos aprender a harmonizar nossos esforços, pois só assim teremos uma boa vida.
A consequência de cidadãos mais educados é que o processo de tentativa e erro é realizado por mais pessoas, mais vezes. Isso gera mais aprendizado e mais refinadas ficam as teorias. Com técnicas e conhecimentos melhores, os avanços sociais e tecnológicos são realizados, melhorando a qualidade de vida de todos. O individuo e a sociedade são ambos aperfeiçoados.
A responsabilidade de quem é educado
Quem aprende algo se torna responsável pelo seu conhecimento. A pessoa educada deve ajudar quem não sabe, da mesma maneira que um adulto ensina uma criança sobre o mundo.
Nas sociedades onde a desigualdade reina esse papel é ainda mais importante. Confúcio alertava às elites de sua época que era importante governar para que a vida do povo fosse melhor.
Da mesma forma como uma família investe sem restrição na educação de suas crianças, o governo deve investir na educação. Um bom líder deve se preocupar com a educação de seu povo, tornar as pessoas melhores ajuda a comunidade como um todo.
“Aprender é aprender a fazer a si mesmo um ser humano”
Nessa fala de Confúcio, encontramos o fundamento de sua filosofia. O ser humano não nasce pronto. Sem o aprendizado, um bebê nunca aprenderá a falar e se comportará mais como um animal do que como um ser civilizado.
Por isso, o ser humano que conhecemos hoje só pode existir se houver educação. A sociedade que temos no séc. XXI só foi possível pelo processo de aprendizado. O esforço dos milhares de gerações de mestres que se dedicaram à produção e ensino de conhecimento superou qualquer expectativa. Até mesmo a que eles tinham.
Portanto temos o dever com nossos antepassados e descendentes de cultivar a educação. No plano político devemos garantir uma educação universal, de qualidade e acessível a todos. No plano individual devemos cultivar em nós as artes que mais nos inspiram e aprender com as experiências que temos uns com os outros, sempre buscando o aperfeiçoamento do corpo e da mente.
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